O PERIGO DO GLÚTEN PARA OS CELÍACOS
O glúten é uma proteína criada da junção entre a gliadina
e glutenina, presente naturalmente em muitos cereais, como o trigo, o centeio e
a cevada. Ou seja, não é uma invenção da indústria moderna, por exemplo, como
foi o caso da gordura trans, só para fazer uma comparação. O glúten confere
elasticidade na receita de diversos alimentos, caso típico do pão: ao sovar a
massa, o padeiro cria as redes de glúten, estruturas capazes de aprisionar o
gás carbônico expelido pelas leveduras de fermento. Assim o pãozinho cresce e
fica macio.
Aparentemente inofensiva, a proteína do glúteo pode
causar problemas graves de saúde em pessoas que consomem alimentos em que a sua
composição apresente a gliadina. Algumas pessoas sofrem com intolerância e
alergia a esta proteína, tendo que mudar seus hábitos de vida radicalmente.
Esses indivíduos são chamados de CELÍACOS ou INTOLERANTES.
No indivíduo saudável o glúten sofre processo de digestão
proteica pelas enzimas digestivas e seus aminoácidos são absorvidos. Nos indivíduos
com a doença celíaca, a presença do glúten no intestino leva a produção de
anticorpos iniciando um processo inflamatório.
Muitas pessoas confundem disfunções alimentares por falta
de informação. Assim como ocorre com a lactose, o glúten também possui
alérgicos e intolerantes. De acordo com Míriam Francisca, presidente da
Acelbra, o indivíduo que desenvolve a doença celíaca já nasceu com a predisposição
genética, mas não é possível precisar quando o corpo irá manifestar ou métodos
que evitem ou até retardem os sintomas. “A alergia alimentar é uma reação
rápida do sistema imunológico que produz anticorpos contra alguma substância
estranha ao corpo. Os anticorpos circulantes são os que causam as reações alérgicas.
Já na doença celíaca existem uma reação imunológica tardia e não é considerada
alergia, já que o processo alérgico pode passar”, explica a presidente.
Para ter um diagnóstico preciso é necessário realizar um
teste alérgico alimentar através do exame de sangue. O teste é considerado
positivo se ocorrer alterações em regiões do DNA conhecidas como DQ2 E DQ8.
Engana-se quem pensa que a proteína do glúten é exclusiva
para alimentos. Alguns produtos de beleza e até medicamentos podem conter a
substância. O problema é que, ao contrário das embalagens alimentares,
cosméticos e remédios que não tem obrigatoriedade legal de divulgar se existe a
proteína em sua composição. Outra dificuldade é que, muitas vezes, a composição
especificada na embalagem não está em português. Por isso é extremamente
importante ler a bula dos remédios onde estão descritos os componentes da
fórmula. No caso dos cosméticos, a dica é ligar para o fabricante e verificar
se o produto tem o glúten na composição.
Descobrir-se portador da doença celíaca realmente não é
fácil, mas existem grupos de apoio que auxiliam os celíacos. A Acelbra (Associação
de Celíacos do Brasil) acolhe e educa tanto os celíacos, quanto seus familiares
para que o paciente tenha mais qualidade de vida.