quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Buraco Negro




Não há como bater sempre na mesma tecla se o percurso do Universo não encontra resposta significativa. Conturbado e retalhado. Desta forma assisto “Nosso paciente” na mesa de cirurgia aguardando a retirada de seus órgãos vitais. Pedacinhos de memórias, alguns heróis mortos buscantes e acreditantes em seus próprios Universos. Paz, Justiça, Ecologia. Pois bem. Pra quê tentar abrir os olhos que não enxergam e falar aos ouvidos das consciências inalteradas? Não há entendimento. Pobres crianças. Escravas de si. Cegas em si. Sem óptica de visão.


Perdi-me em esperanças de encontrar a luz no escuro. Encontro-me sugada pelo buraco negro do Espaço e de mim. Repleto de infinitos sentimentos poéticos e galáxias perdidas... Poéticos.. Poéticas... Poeta?!
Minha Mãe Natureza está sozinha. Possui camadas de ozônio nos poros e precisa respirar... Empresto-lhe um respirador artificial, verifico a pressão arterial... Não adianta... Quanto tempo útil lhe resta? Não sou médica. Não há nada que eu possa fazer. Com a minha pouca sabedoria de mulher apreensiva e minha ciência patética e ultrapassadamente retrógrada, assisto alguns “insights” de sua fúria em pontos diferentes, ainda tentando alertar; mas Ela é Mãe e piedosa. Dá uma nova chance. Ainda tenta nos recuperar e alertar.

Há um calor nunca dantes ali. Outro, um frio dilacerante... Um mar de gelo escorrendo em superaquecimento. Flores pedindo passagem diante de imensos blocos de cimento e concreto; elas teimam aqui e ali. Meninas insistentes... Persistentes, pacientes – tentam. E a terra? A terra aguarda sementes viciadas.

Fixo o pensamento em meu Planeta que de alguma forma tenta manter a tradição e luta por sobrevivência. Há nêutrons, prótons, elétrons. Cruzamentos de espécies. Bombas e irradiação. Césio. Capitalismo moderno? Medieval? Feudal?

O Homem. O ser inteligente. O bárbaro. O animal irracional...

Agora tento olhar a Justiça, mas vejo-a presa em uma cela especial. Cela superior. Rindo das letras. Debochando dos pratos onde não se equilibra a balança. Protegida da própria Lei. A Lei com óculos escuros e grau máximo de miopia.

Aguardo, Não sei o quê. Será que há lugar pra mim dentro desse buraco? Nesse mundo de pecados capitais, é louco e ridículo entitular-se poeta e, mais ainda, jurar que ainda vencem as flores.

Rose de Castro
Escritora, Ghost Writer e Poeta
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