terça-feira, 1 de março de 2011

Carta pra Mim



Escrever é uma terapia. Sou feliz por possuir este dom. Porém, da mesma forma que ele me enche de alegria, também me faz mais sensível e, portanto, vejo em sentimentos tudo que não deveria ver. Vejo a alma das pessoas seja fisicamente ou apenas lendo. Posso tocá-las. Quando o sentimento é confuso demais, jorro poesia. Ela escorre em meus dedos com vários tentáculos e transforma-se em palavras inspiradas pela minha percepção. Há dias em que desejo esquecer tudo e todos. Ficar sozinha comigo mesma. Geralmente nestes momentos estou extremamente “intocável” e procuro esconder-me para não me ferir nem ferir os que amo, pois sempre descontamos nos entes amados. Poderia procurar resposta na psicanálise, na filosofia, na psiquiatria (Será que todos os poetas são loucos?). Não sei. Há dias que penso realmente que estou beirando a loucura, afinal, entre a razão e a loucura há uma linha tênue.



Em outros momentos, estou alegre e radiante. Tudo fica completamente azul. Da cor do céu e mar. E amarelo – a cor que mais gosto – brilhando dentro e fora de mim. Sei que são tantos sentimentos instáveis e... O que fazer com tantas emoções e contradições? Não sei! Não sei! Não sei!


Amor, ódio, alegria, raiva, angústia... Estes sentimentos se alternam neste momento em mim. Calo-me sofrendo e sangrando. Quieta e só. Uma ostra com um diamante dentro que não sabe o que fazer com ele. Diamante poético. Diamante interior.


Meus olhos contemplam neste momento este ser que não sei quem é. Ou sei. Talvez. Não sei. Não é. Ou é. Mas não deveria ser. Ou deveria ser, mas o medo de mostrar o que “estou” paralisa o que deveria ser como picada de cobra.


Esta carta é para mim. Hoje me recolho para dizer pra mim que estou em conflito com meus ideais. Que não sou esta ou que sou e não sei. Quem poderia explicar essas imensas ondas de sentimentos crescendo como o fenômeno do encontro do rio com o mar.


Deus! Será que estou louca? Ou ficando? Ou sempre fui? Ou não sou nada? Ou sou tudo?


Eu tento me perdoar com tantos absurdos a me ver frágil e impotente. Displicente. Feia. Chorona. Chata. Implicante. Chega! Chega! Chega! Chamem Freud! Será que ele explica? Talvez sim, talvez não. Quem sabe ele mesmo também não era repleto de nuances mascaradas. Penso em Hitler. Não. Esse não... A loucura dele nada tem a ver com a minha. Fanático e sem emoção. Frio... Não... Isso não sou não... Mas também não sou menos louca por causa disto. Apenas possuo uma loucura diferente.


Ah! Quer saber? Daqui a pouco isso tudo passa e vou rir de tudo que escrevi. Ou quem sabe chorar e escrever outra carta, para escrever mais detalhes, para ver se me entendo melhor. Agora não tenho mais nada a falar. Vou parar. Queria dormir direto e esquecer o mundo. Esquecer isso tudo. Por que não paro de tentar me analisar???


Basta! Não estou entendo nada mesmo... De que adianta ficar escrevendo, escrevendo , escrevendo... Bom... Melhor escrever do que me matar. Matar? Morrer? Que hilário!!! Não tenho coragem de matar uma formiga por pena, imagina se vou conseguir me matar? Que besteira. Quanta bobagem... É melhor eu guardar a viola num saco, deitar e esperar este dia passar.


Já vou. Deixo beijos e abraços para mim. Para “mim” positiva e não para “mim” negativa. Fica em paz. A justiça tarda, mas não falha. Amor, ódio, traição, felicidade, consciência, pecado, certezas e incertezas passarão... Como tudo passa.


Beijos menina. Neste momento és um feto. Aguarda à hora de desabrochar que sei que virá.






Rose de Castro


Escritora. Ghost Writer e Poeta


6 comentários:

  1. Rose, me larguei no seu texto. Não existe normalidade. O que é normal? O que é loucura? Freud era um louco. Louco iluminado como tantos outros, como você e eu. Fica sossegada você tem companhia neste imenso manicômio. E para passar o tempo, façamos...
    Façamos versos, por que a salvação está na arte!
    Grande abraço. Belo domingo!

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    1. Perdoa a falta de resposta. Quase viro Matusalém (rs) . Obrigada por me fazer sentir uma louca normal! Beijos super atrasados

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  2. Você é poesia, arte, loucura, tudo em absoluta e catártica felicidade! Abraço do Jorge na Mana d'Armas.

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    1. Oi meu mano! Não respondi seu comentário e nem os outros. Agora que estou colocando em dia e não podia deixar de comentar. Grata meu grande amigo!

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  3. Respostas
    1. Obrigada. Apesar da demora na resposta (e muito!!! ) eis-me aqui e peço perdão. Agora que estou aprendendo a usar este blog apesar de já te-lo há algum tempo. Beijos no coração

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