terça-feira, 3 de agosto de 2010

Tique Taque


TIQUE TAQUE



Criação: Nonato Guimarães

Tique Taque




Sonhei que escrevia pra você. Atenta, não deixei escapar nenhum detalhe. O tempo corria; e, eu, escrevia...

O relógio no seu tique taque paciente e sóbrio, lentamente percorria seus ponteiros, como que me permitindo o prazer de estar escrevendo o que estava escrevendo. O relógio e o tique taquem. O tique taque... Tique taque... Tique taque..

O cheiro de verde respingado de frio resfriando minha narina lembrou-me algo que escrevi e tinha cheiro. Cheiro de orvalho misturado às margaridas e ao latido do meu cão.

Abri os olhos. O sol levantou mais cedo que de costume ou será que errei na hora? Busquei a carta... Da carta eu lembrava, mas o conteúdo... ah...o conteúdo? O sonho guardou em sua memória de cego e levou para o subconsciente, que sonolento e indiferente, não consegue me dizer o que estava escrito na carta.

Tique taque... Hora... Hora...

No relógio, o sonho da carta perdida em palavras...

Ainda bem que esquentou.

O frio deu um tempo.

Continua ainda no verde o tique taque da carta.

O céu vai nublando aos poucos, sem se importar se é “vero”. Sem querer saber de “lero”, bolero e o cheiro de mato da carta.

O conteúdo??

Tique Taque.

Rose de Castro

Escritora, Ghost Writer e Poeta




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